quinta-feira, setembro 28, 2006

Branco, meio-seco

Na tua presença vestida de branco
na tua loira e altíssima
elegia verde vital
há a barreira da neve.
A barreira alva, depois de um vestido
de fogo
para derreter
o teu chão.
Ali, eu fiquei fria,
tu,
indiferente,
como quem só sorri
por cabo de fibra óptica.
Tu, como quem quase se confessa
a uma voz desconhecida,
como sempre,
como dantes,
como agora - mútua e consecutivamente.

Hoje queria-te nu,
meio-arrogante, espumante meio-seco.
Olhar esgaseado,
mente alcalina
e cheiro suave.
Perfil inseguro,
coração sem mácula
mas vazio.
Ainda assim, é como se pudesse percorrer todos
os poros do teu corpo
só de os pensar.
Deixa-te ficar nesta cama que
vestirei de branco.
Trouxe para ti o lençol
que ela usa aos domingos.
A tua mancha confunde-se nela.
Eu guardo para mim a vossa imagem.
Dispo-te. Fica. Não digas nada.
Se mácula ficar, será do teu coração sem
carne, sem sangue, sem história.
Fica e deixa-me amanhecer contigo.

1 Comments:

Blogger inês said...

escreve mais, escreve mais!

5:37 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home