quarta-feira, novembro 29, 2006

Sem título I

O meu coração só vê sangue à volta
afoga-se na água dos seus sentidos,
bebe do colo que já não é seu.

Tenho uma dor que corta
as feridas,
me deixa sem punhos,
sem sul,
sem vento.

Já não respiro porque
a arma que usaste me feriu
o senso
E, sem sentido,
caminho
vazia
para uma frente
de batalha
em putrefacção

Lutei até ao fim e não sei o que fazer,
agora,
com tanta luta vazia
e a minha morte por enterrar

Devolve-me o sul,
o vento, o azul.
O sorriso, o arrebatamento,
as maravilhas.
Devolve-me a entrega,
a crença. Dei-tas seladas
porque
já delas não precisava para outrém.

Agora quero tudo.
Todos os mundos para
estampar no livro da minha história.
E selar a rigor
a batalha que foi minha;
e me faz doer os ossos,
as memórias
e o coração que, encaixotado,
bebe de um vinho
alheio - nectar escuro, triste e inverdadeiro.